O desenvolvimento sustentável implica em procurar formas de assegurar a evolução do bem-estar das populações, de forma cada vez mais justa, equilibrada e saudável e através de sistemas que respeitem e não coloquem em causa os limites do planeta, dos sistemas naturais, a sobrevivência e bem-estar dos restantes seres vivos.
Para que se possa promover o desenvolvimento sustentável torna-se essencial ter uma visão holística e sistémica, para que várias dimensões e as suas relações sejam consideradas.
O desenvolvimento sustentável é um conceito que difere do crescimento, pois este último nem sempre é positivo em todas as suas dimensões.
Até recentemente, um dos principais indicadores utilizados para avaliar o desenvolvimento de um país, era a variação do seu Produto Interno Bruto (PIB). Contudo, o crescimento do PIB nem sempre se pode associar ao desenvolvimento sustentável do país.
Vejamos o caso do Gana e das lixeiras eletrónicas: a altura em que o Gana começou a receber o lixo eletrónico de outros países, coincidiu com um período de crescimento económico e do seu PIB.
Porém, apesar de o facto deste país ter tido um crescimento na capacidade de criação de emprego e das trocas comerciais, este crescimento teve como consequências o aumento drástico da poluição, a degradação da saúde dos seus habitantes e o aumento da exploração infantil.
Para saber mais sobre este conceito, assista o vídeo das Nações Unidas: "O que é o desenvolvimento sustentável?".
A Origem e História do Desenvolvimento Sustentável
O despertar para a degradação dos sistemas naturais e a sua estreita relação com a atividade humana, começou a ganhar tração um pouco depois do final da 2.ª Guerra Mundial.
No entanto, o evento que marcou definitivamente a entrada desta temática para as agendas mundiais foi a primeira conferência das Nações Unidas focada em debater os desafios ambientais, que aconteceu em 1972.
A Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano, também conhecida como a Conferência de Estocolmo dada à sua localização, teve como resultado a criação do Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUA), um programa ainda em atividade e que se foca na proteção e conservação ambiental.
No seguimento desta conferência, em 1983, Gro Harlem Brundtland, na altura Primeira-Ministra da Noruega e anteriormente Ministra do Ambiente, foi convidada a presidir a equipa responsável por desenvolver o relatório que servisse de base à estruturação de uma agenda global, centrada na cooperação eficaz entre os países, que culminasse na evolução e mudança positiva das nações, para a construção de um mundo mais justo, equilibrado e com melhores condições para todos.
Em 1987 foi publicado o relatório “O nosso futuro comum”, também conhecido como Relatório de Brundtland, onde foi apresentado o conceito de “desenvolvimento sustentável” mais utilizado até aos dias de hoje:
“Um modelo de desenvolvimento que dá responda às necessidades do presente, sem comprometer a capacidade de as gerações futuras darem resposta às suas próprias necessidades."
Outra questão que também é fortemente sublinhada no Relatório de Brundtland, é a estreita relação existente entre o “Meio Ambiente” e o “Desenvolvimento”, considerando-os “inseparáveis”.
Neste relatório é evidenciada a interdependência entre as questões de carácter social, económico e ambiental, apresentando vários exemplos de como estas se interligam e influenciam.
À semelhança do que aconteceu com o caso do “tráfico do lixo”, as desigualdades sociais e a procura pela sobrevivência, levam muitas vezes ao desenvolvimento e aceitação de atividades económicas, com consequências nefastas ao nível ambiental e social.
Por outro lado, a procura de soluções ambientalmente sustentáveis, pode potenciar inovações favoráveis do ponto vista económico e social, e os períodos de crescimento económico “abrem espaço” para uma maior concentração no sentido de desenvolver soluções para os desafios sociais e ambientais.
Contudo, e apesar de o conceito de sustentabilidade estar intrinsecamente associado a estas três dimensões (social, ambiental e económica), este termo foi utilizado com alguma frequência, em particular entre o final do século XX e o início do século XXI, para sublinhar questões unicamente focadas na perspetiva ambiental ou económica.
Em 2010, a Declaração de Joanesburgo realizada no seguimento da Cúpula Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas veio novamente reforçar os 3 pilares da sustentabilidade que já tinham ficado subjacentes desde 1992, na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (Eco 92), realizada no Rio de Janeiro.
Para saber mais sobre este tema, veja o nosso artigo: Objetivos do Desenvolvimento Sustentável e a Agenda 2030.
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Autora: Mariana Pinto e Costa (Co-fundadora BeeCircular)
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